Pernambuco | 5 min | Experimental | 2020
Direção: João Eduardo
Narrativa experimental que mistura colagens, reflexões sonoramente acadêmicas e trechos de obras de Clarice Lispector.
Aí vamos com uma narração cadenciada que costura desde “A Maçã no Escuro”, de 1961, passando por “Grau Netuna”, que inspira o título do vídeo de João Eduardo, a “Água Viva” [1971] em espanhol.
A autoria viveu na Boa Viagem recifense dos 5 aos 15 anos, dado importante para quem estuda seu trabalho, no que essa “Parte 1” – creio que outras figuras devem povoar o imaginário de Eduardo na composição dessa série [supondo que seja uma série] – se debruça a construir a relação [afetiva? distanciada?] do diretor com o bairro.
Claro que, em cinco minutos, as referências são ligeiras, pessoais e autocontidas no recorte proposto.
Mas o mecanismo audiovisual, como sempre, dribla sua própria autocontenção e descobre alguma maneira de extravasar a própria leitura sem necessariamente sair da bolha.
Nesse caso, trata-se da estátua de Clarice na praça Maciel Pinheiro, portanto próximo à casa onde morou, assistindo a pedaços do vídeo ao qual compartilhamos, nós e a estátua, nessa curiosa fração de tempo.
Ou, na pertinente citação de Susan Sontag que o vídeo traz:
“Não há superfície neutra, discurso neutro, tema ou forma neutras. Uma coisa é neutra apenas em relação a algo mais – como uma intenção ou expectativa.”